quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Respeito








Olá criatura linda!

O respeito vem antes e acima de tudo.
Sob esse prisma, pode-se ter pensamentos diferentes, opiniões diferentes, torcer por times diferentes, participar de religiões diferentes, etc.
Reflita: Ter suas próprias opiniões não dá o direito aos outros que elas as tenham também?
Respeitar não quer dizer que você tenha que concordar, apenas entender que há outras opções além da sua.
A maturidade nos traz o equilíbrio, o discernimento e a capacidade de respeitar o outro, independente de suas crenças, valores e opiniões.
Enquanto não houver o respeito entre as pessoas, não haverá nada que fará a situação mudar.
Quando a pessoa muda, tudo à sua volta muda.
Se cada um se comprometesse com o seu amadurecimento, com o seu crescimento, a sociedade amadureceria e cresceria.
Pessoas que não se respeitam não sabem respeitar.
Pessoas que não sabem respeitar, não se respeitam.
Não há amor, não há confiança, não há amizade se não houver respeito.
Fique no bem.
Foco no bom.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

O despertar do bem















Oi pessoa linda!
As pessoas muitas vezes não entendem o porquê do envolvimento ou o porquê milhões de pessoas no mundo dedicam horas de suas vidas a um serviço voluntariado.
Eu falo por mim e quero aqui expor o meu sentimento como voluntário da instituição Amigos do Bem.
Principalmente neste período de arrecadação (atividade para arrecadar alimentos) sempre reflito tentando chegar a algumas conclusões.
Eu sei que muitas pessoas não gostam deste tipo de atividade. Muitos têm vergonha e até pensam que pedir ajuda ou pedir doação é se rebaixar ou se humilhar. Eu não sinto vergonha, eu não encaro isso como pedir ajuda ou doação, ou me rebaixar e me humilhar. Eu encaro tudo isso como vender uma ideia (que neste caso já não é ideia e sim uma realidade em quatro estados do nordeste atendendo 75.000 pessoas, sendo destas, 10.000 crianças em centros de transformação com estudo e alimentação em período integral).
Eu credito o fato de não sentir vergonha, talvez por hoje eu entender que a vida é uma eterna negociação de compra e venda. Isso mesmo, caso ainda não tenham se apercebido disso, a vida é uma eterna negociação de compra e venda. Então vejamos, só para exemplificar: começamos desde muito cedo esse exercício quando ao estar com fome, choramos (vendemos nossa necessidade) para sermos saciados (comprados) pela nossa mamãe. Já, quando crianças procuramos sempre fazer o nosso melhor para sermos aceitos (comprados) pelos nossos pais, pois caso isso não ocorresse, não seríamos comprados e ficaríamos empoeirando na prateleira, vendo muitas vezes nossos irmãos obtendo os privilégios. Na escola tínhamos que vender nosso esforço refletido no conhecimento para tirarmos boas notas e sermos reconhecidos (comprados) pelos nossos professores, pais e amigos. Na empresa, temos que vender nosso melhor para crescermos e não sermos dispensados ou preteridos por outros que vendem seus “produtos” de forma mais eficiente. Nos relacionamentos vendemos (mostramos) o nosso melhor para sermos aceitos (comprados) pelos que nos relacionamos ou tentamos nos relacionar. E por aí vai...
Por isso, não me importo em mostrar, em argumentar, exteriorizar meu sentimento, em relação a esse projeto, pois apenas estou exercendo aquilo que faço o tempo todo, comprar e vender.
Em um dado momento me mostraram o projeto (venderam) e eu o comprei por acreditar no que me foi mostrado, e agora por acreditar nele, eu o vendo. E ai está o grande segredo do sucesso da venda, é acreditar no produto que se está vendendo. Não se consegue vender algo que não se compra. A venda está diretamente ligada em quanto você acredita no produto que está vendendo, senão é hipocrisia, vender o que não se compra é no mínimo hipocrisia.
O ser humano em essência e bom e perfeito, pois é a imagem e semelhança do Divino, o que falta, muitas vezes é a oportunidade para que isso se manifeste. Por isso é que milhões de pessoas no mundo se dedicam a um voluntariado, pois acreditaram num projeto e o compraram, pois nele eles podem manifestar sua essência.
O ser humano em essência é bom e perfeito, falta um “vendedor” para oferecer-lhe a oportunidade.
(Evaldo Mazer)

segunda-feira, 29 de junho de 2020

O mistério de Roseto

















Olá pessoa linda!
Iniciando a leitura de um livro hoje, deparei com uma história bem relevante, que resolvi resumir e compartilhar com vocês. Ficou longa mesmo resumida, mas vale a pena.

No final do século XIX, em uma pequena cidade do interior da Itália de nome Roseto, onde o trabalho era basicamente exercido nas pedreiras de mármore, chega uma notícia sobre oportunidades em outro continente do outro lado do oceano.
No início de 1882, um grupo de 11 moradores desta cidade imigra para Nova Iorque e se aventuram para o oeste até encontrarem trabalho numa pedreira de ardósia na Pensilvânia. No ano seguinte mais 15 pessoas de Roseto também imigram para a América e muitos deles se juntam aos que lá já estavam. Esses novos imigrantes enviam notícias a Roseto sobre as oportunidades. Por volta de 1894 mais de 1000 imigrantes já na Pensilvânia começam a comprar terrenos e construir suas casas, erguem uma igreja e batizam a sua nova cidade de Roseto, como na Itália.
Em 1986, um jovem sacerdote assumiu a igreja e, entre outras coisas, organizou festas e incentivou o povo a cultivar diversos tipos de plantações dando vida à cidade. Foram construídos escolas, parques, convento, etc. Um pequeno comércio começou a se formar na avenida principal e surgiram mais de 12 fábricas de blusas que abasteciam o comércio de roupas.
As cidades ao redor de Roseto eram formadas basicamente por imigrantes ingleses e alemães e como estes países na época não tinham uma boa relação entre si, Roseto abrigava exclusivamente a sua própria população, assumindo inclusive o seu dialeto falado na Roseto europeia. Então a Roseto americana criou o seu próprio mundo minúsculo e autossuficiente, praticamente desconhecida, e poderia continuar desconhecida se não fosse por uma pessoa: Stewart Wolf.
Dr. Stewart Wolf era médico especialista em estômago e digestão e lecionava na Faculdade de Medicina da Universidade de Oklahoma. Ele passava seus verões na Pensilvânia numa fazenda próxima de Roseto e, conta ele, que no final da década de 1950 ele estava por lá e foi convidado a dar uma palestra na sociedade médica local. Após a apresentação, conversando com um dos médicos presentes, este lhe falou:
“Pratico medicina há 17 anos. Recebo pacientes de toda a região, mas raramente recebo alguém de Roseto com menos de 65 anos que tenha doença cardíaca.”
Houve surpresa, pois naquela época nos Estados Unidos, antes dos remédios específicos serem descobertos, o infarto era a principal causa de morte entre homens com menos de 65 anos.
Dr. Wolf resolveu investigar. Com a ajuda de alunos e colegas da Universidade de Oklahoma, analisaram atestados de óbito, analisaram registros médicos, leram históricos e traçaram a genealogias das famílias. Convidaram a população inteira da cidade para exames de sangue e eletrocardiogramas.
Os resultados surpreenderam, pois em Roseto quase ninguém com menos de 55 anos tinha morrido de problemas cardíacos e nem mostravam sintomas de problemas no coração. Para os que tinham mais de 65 anos a taxa de mortalidade era por volta da metade apresentada nos Estados Unidos. E não era só isso, a taxa de mortalidade por todas as doenças também era menor, por volta de 30 a 35% do valor estimado.
Dr. Wolf então convidou um amigo, Dr. John Bruhn, sociólogo e eles convidaram estudantes de medicina e de sociologia para entrevistarem a população de Roseto. Foram de casa em casa e conversaram com todos com mais de 21 anos. Descobriram que não havia suicídios, alcoolismo e nem vícios em drogas. O número de crimes era mínimo. Ninguém dependia da previdência social.
Resolveram procurar casos de úlcera, também não havia. As pessoas em Roseto, na sua grande maioria, morriam de velhice.
Várias hipóteses foram levantadas:
1 - Os habitantes de Roseto traziam práticas alimentares da Itália que os faziam mais saudáveis que os americanos. Hipótese descartada ao perceberem que aquelas pessoas cozinhavam com banha de corpo. Combinavam massas com salsicha, salame, presunto, etc. Comiam doces todos os dias. E não tinham o hábito de praticarem exercícios.
Dr. Wolf pediu que nutricionistas analisassem os seus hábitos alimentares e constatou-se que 41% das calorias (percentual enorme) eram provenientes de gorduras. Muitos eram fumantes crônicos e tantos outros eram obesos.
2 - Se não era a dieta e nem os exercícios físicos, talvez estivesse na genética? Também não era.
3 – Talvez a região onde estivesse situada Roseto lhes trazia algum benefício. Ele então verificou outras duas cidades perto de Roseto, ambas com mais ou menos o mesmo tamanho e com a característica de serem também habitadas por trabalhadores imigrantes europeus. Analisou os registros médicos das duas cidades e constatou que a taxa de mortalidade para os homens acima de 65 anos eram por volta de três vezes maior que a de Roseto.
Dr. Wolf começou a desconfiar que o segredo estivesse na própria cidade de Roseto.
Ao caminhar pela cidade e conversarem com os seus moradores, Dr. Wolf e Dr. Bruhn foram descobrindo o segredo.
Eles observaram como as pessoas interagiam, paravam para conversar em italiano na rua, cozinhavam umas para as outras nos quintais. Os clãs familiares se mantinham sob a estrutura social do lugar. Eles viam casas com três gerações morando juntas e o respeito dedicado aos avós. Foram à igreja, assistiram a missa e verificaram o efeito unificador e calmante daquele ambiente. Contaram 22 organizações cívicas numa cidade de pouco menos de 2 mil habitantes. Havia um espírito igualitário e particular da comunidade que desestimulava os ricos a ostentar o sucesso e ajudava os malsucedidos a encobrir seus fracassos.
Aos trazerem a cultura dos camponeses do sul da Itália para Roseto, criaram uma estrutura social protetora capaz de isolá-la das pressões do mundo moderno.
Conta Dr. Bruhn:
“Ainda me lembro de quando fui a Roseto pela primeira vez, via três gerações fazendo as refeições juntas, reunidas em família, vias muitas padarias com pessoas subindo e descendo as ruas, sentando-se nas varandas para conversarem umas com as outras... Aquilo era mágico.”
Ao apresentarem esse resultado à comunidade médica, estes foram céticos e os resultados contestados. Colegas exibiam longas relações de dados dispostos em gráficos complexos para justificarem suas conclusões.
Mas, Dr. Wolf e Dr. Bruhn, estavam falando de outros resultados, eles falavam dos benefícios mágicos e misteriosos de parar para conversar com as pessoas nas ruas e dos efeitos positivos familiares de três gerações viverem sob o mesmo teto. Na época, o pensamento convencional para uma vida longa dependia em grande parte de nossos genes, da nossa alimentação, da prática de exercícios físicos e da eficácia do sistema médico. Não havia o costume de associar saúde à relação com a comunidade.
(Livro: Fora de série – Outliers – Malcoln Gladwell – Editora Sextante)

Achei bem pertinente essa história, mas ainda me sinto com a vontade de perguntar:
E hoje? Será que fazemos essa associação?

Na minha modesta opinião, estamos diante de um grande dilema ao direcionarmos a nossa vida para a correria da sociedade moderna, para os fast-foods, para fora do âmbito familiar, para longe do contatos com as pessoas mais próximas, para a busca do sucesso em tudo e, muitas vezes, a qualquer preço, mas ao mesmo tempo, buscando sermos saudáveis procurando a alimentação mais correta possível, buscando as esteiras das academias, fazendo exames e mais exames, etc. Não estou dizendo que tudo isso não seja importante, porém devemos também nos lembrar de agregar a tudo isso, talvez o que nos seja o mais importante, o que nos nutre não só o corpo, mas nos nutre principalmente a alma, que são as relações humanas, o contato com aqueles que amamos, as conversas ao redor da mesa de jantar, as conversas e risadas jogadas fora num encontro social, a visita aos avós ou aos mais idosos que nos proporciona o carinho afetuoso e o contato com a sua experiência de vida, o compartilhar sentimentos, o toque, o abraço, o olho no olho, o “dar e receber um colo”, enfim, uma quantidade imensa de tudo aquilo que só a inter-relação pessoal pode nos proporcionar.
Ah! E tem mais, tudo isso ainda ajuda a aumentar a nossa saúde e a nossa expectativa de vida.  
Convido-te a refletir sobre esse dilema...
(Evaldo Mazer)


sábado, 20 de junho de 2020

As emoções e a depressão

Olá ser especial!




















Olá pessoa linda!
Nos dias de hoje, principalmente neste atual momento de reclusão e de confinamento, é sabido o papel das emoções e dos pensamentos, e principalmente, dos sentimentos no que se refere à saúde e ao bem estar.
Vivemos a era do estresse.
Nunca isto esteve tão evidente.
Quem nunca sofreu disto agora corre um grande risco.
Breve, o estresse será o principal fator desencadeante de uma série de doenças. A busca por consultórios terapêuticos aumenta e, muitas pessoas que há poucos anos consideravam depressão como falta do que fazer, estão admitindo que sentem-se depressivas.
Tudo isso tem uma razão de ser.
O campo energético humano nunca foi tão agredido em tão pouco espaço de tempo.
O distanciamento da natureza e de suas leis, a desatenção quanto a alimentação que se serve de elementos pouco nutritivos, a maior exposição a meios poluentes, etc. (Esta lista é muito extensa, a ponto de levar à exaustão qualquer um).
Todos estes fatores e outros tantos não citados, desajustam os campos energéticos do ser humano (e de dos animais também), fazendo com que ele não consiga processar corretamente as energias que capta e desta forma, o repasse de energia ao físico fica comprometido e termina por adoecer este último.
De acordo com a física quântica, somos co-criadores do nosso mundo.
Como tudo na natureza, nosso corpo vibra, emite uma frequência de acordo com o que estamos sentindo, ou como ele se encontra.
Se nosso corpo se encontra triste, ele vibra numa frequência de tristeza, se ele está preocupado, vibra numa frequência de preocupação, e por outro lado, se ele está feliz, vibra numa frequência de felicidade, e assim por diante...
Agora, o mais importante:
ATRAÍMOS O QUE VIBRAMOS!
É uma lei da física...
Dá para entender agora onde entra a co-criação?
Fiquem espertos. Usem o "sapiens" do homo, ou seja, se de fato somos o homo sapiens, ou o "homem inteligente", é hora de utilizá-la.
Entenda! Se ficar triste atrairá a tristeza, e se ficar alegre atrairá a alegria...
Consegue escolher?
Afinal, ainda há dúvidas de que somos nós que construímos o nosso mundo?
(Evaldo Mazer)

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Meu primeiro Camping











A primeira vez que dirigi numa rodovia foi também, a primeira vez que fui acampar. Foi um verdadeiro “batismo”.
Estávamos em três carros: o Roberto e a Silvia foram no Fusca verde que ele aproveitou pra deixar em Boituva (ou perto) porque o irmão dele tinha vendido o carro. 
O pai e a mãe dele no Fusca branco.
A Márcia, hoje minha esposa, e eu na Variante – ano 72 - azul pavão do meu pai... (numa outra história, apresento a variant azul do meu pai) e,  mais uma porrada de mantimentos, barraca, etc...
Íamos a um camping, muito bom por sinal, na cidade de Boituva, perto de São Paulo, pela Rodovia Castelo Branco.
Caia água pra dar raiva em nordestino. Era muita água. O limpador de para-brisa não vencia. O respiro do carro também não. Tinha uma bica de água bem acima do acelerador do carro, que por sinal ficava acima do meu pé, resultando num pé encharcado, e em três dedos de água no assoalho do carro. Maravilha! Sem contar que meu “loló” estava travado, não passava uma agulha, e a Márcia, bem... Para a Márcia só restava dirigir comigo e rezar (acho que ela rezou muito naquela noite). Ah! Esqueci de contar, foi à noite. Véspera de feriado. Carnaval de 1980. Lembra? Não? Inundação em São Paulo... Uma das maiores já registradas.
E um fato muito importante, lembre-se: 
Era a primeira vez que dirigia numa estrada. 
Foi um belo batismo. Literalmente com muita água.
Bem, pista da direita, visibilidade zero, mãos e cotovelos travados no volante, nariz no para-brisa... Medaço... Chegamos!
Ufa!!! Enfim, sãos e salvos. A adrenalina abaixou, tranquilidade reinou.
Nem imaginava o que ainda me esperava. Uma canseira dos infernos... Montar barraca. Que delícia!!! Ainda mais quando é debaixo de uma tempestade. 
O pai e mãe do Roberto dormindo num carro. A Silvia e Márcia dormindo na variante ano 72, azul pavão do meu pai. 
Eu e o Roberto? 
Bem, eu e o Roberto montando barraca... Detalhe: pela primeira vez. 
Primeira vez que dirigia em estrada, primeira vez que ia acampar e, pra coroar a epopéia, a primeira vez que montava uma barraca... 
Sentiu o drama? Duvido. Você não imagina o que é montar barraca debaixo de chuva, sem luz, sem saber montar barraca. 
Resultado: depois de sofrer muito (imagine eu, com a minha super estatura - 1,60m esticado - me alongando todo para poder montar aquela p... de barraca). 
Bem, montamos a estrutura, vamos jogar a lona, uma mão na lona e a outra limpando o rosto de tanta água que caia naquela noite. Pra você entender o drama, tínhamos que iluminar com a lanterna os espeques das barracas vizinhas para saber como fazia. Enfim, montamos a barraca... 
ERRADA!!!! 
De costas para o camping!!! 
A entrada da barraca dava pro nada... 
Desmonta... Debaixo de chuva...
Monta de novo... Debaixo de chuva...
Pega o farolete, vai conferir nas barracas vizinhas se colocamos os espeques de forma correta. Não se esqueça que tudo isso ainda debaixo de um baita toró.
Três da manhã. Barraca montada e uma PUTA (me permita o palavrão por pura necessidade desse desabafo?) de uma fome.
Fomos tomar um banho(?), debaixo de chuva. Voltamos para nossa suíte (Fusca verde)... Sentamos no banco, rebaixamos os bancos o quanto deu, abrimos o porta-luvas, uma santa caixa de Bis (vocês conhecem, ainda existe, bem menor e menos gostoso do que antes, mas tão desejado como um Kit-Kat hoje... Ainda mais com uma PUTA FOME), nos acenava como prêmio. Devoramos...
Amanheceu... Conferir os estragos.
A- colchonetes que vinham no bagageiro do fusca verde....ENCHARCADOS.
B- Mãe do Roberto (Dona Lurdes) quase enfarta. Sorte, abriu o maior sol.
C- Mulheres acordam de mau humor (novidade...).
D- Variante ano 72, azul pavão do meu pai  com três dedos de água no assoalho.
E- Vamos limpar. Sento no assoalho molhado. Começo me coçar. Cheiro de ácido. Ácido da bateria misturado com a água no assoalho. Bunda queimando e coçando. Shorts desmanchando. Tzzzzzz na piscina...
Putz! Que batismo.
O resto compensou. O tempo firmou. O camping era 10. Preciso achar as fotos...
Restou essa nossa história pra contar e risadas, muitas risadas.
Montar barraca de camping pela primeira vez debaixo de chuva, e de madrugada...
Ninguém merece... 
Ninguém não, só o Roberto e eu...


terça-feira, 24 de março de 2020

Sobre o medo








Vamos falar sobre o MEDO? (Aí que  medo! rsrs...).
Sempre gosto de abordar esse tema, pois sempre me lembro (e isso me ajuda a não perder o foco) das tantas vezes em que o medo me paralisou, me fez empalidecer, suar em demasia pela testa e mãos, secar a boca, disparar o coração, tornar minha respiração mais ofegante, gaguejar e até bambear minhas pernas.
Quem me conhece, alunos, clientes, amigos sabem bem como isso funciona em mim...
O mais engraçado, é que escrever sobre isso está me causando algumas dessas reações... Rsrs... E, me vem a pergunta: 
Por que isso acontece?
Existe muitas razões para se sentir medo, e o medo, ao contrário do que pode se pensar é um mecanismo salutar que tem como objetivo a auto preservação. 
Toda vez que nosso corpo se vê em perigo, se sente ameaçado esse mecanismo chamado medo aparece. 
Diante deste fato, não podemos dizer que o medo é ruim. O que o torna bom ou ruim é a intensidade com que ele se manifesta.
Vou me colocar como exemplo: 
Posso estar pela primeira vez diante de uma nova turma de alunos. 
Esse primeiro contato ainda me causa medo, ou seja, as reações acima citadas. Bem menos hoje, mas ainda me causa medo. E olha que dar aulas é uma das coisas que mais gosto de fazer e que me deixam muito realizado. Mas, a possibilidade de não atender as expectativas, de não ser bom o suficiente, de errar e me sentir mal diante da turma me amedronta. Compreensível, as pessoas estão esperando o meu melhor e eu sei que elas estão esperando o meu melhor, e eu posso não atender essa expectativa. 
Esse é o grande perigo: 
Não atender as expectativas. 
Então, o que fazer? Não dar o curso? 
Mas, eu quero dar o curso. Eu tenho muita vontade de dar aulas.
O medo salutar se apresenta para tornar a ação a ser executada o mais segura possível. Me impede de realizá-la de forma inconsequente. Mas, também não me impede de executá-la se esse for o meu desejo.
Usando o meu exemplo, o medo fará com que eu analise a situação e me faça tomar algumas precauções que possibilitem sentir-me mais seguro para realizar o desejado. 
Por exemplo: 
Vou verificar se estou bem, se estou descansado e se me sinto preparado para a aula. Além disso, irei me certificar que o material a ser utilizado está a contento, que os equipamentos que irei utilizar estão funcionando, que o local onde se realizará a aula está me oferecendo o que necessito e, que há um plano B para eventuais imprevistos. Esse medo, que eu chamo de "medo salutar" irá fazer eu tomar atitudes que minimizem as possibilidades de erro e farão sentir-me mais seguro.
Tenho analisado, pesquisado bastante a respeito desse medo e de sua relação com a auto- estima, e que várias vezes nos impede de fazer algo por não se achar bom o suficiente.
O contato frequente com pessoas através das minhas atividades terapêuticas e a própria análise de minha vida e de meus medos me levaram a algumas razões sobre a origem da baixa auto estima e do medo, principalmente, de se expor.
Nossa cultura não favorece o erro. 
Errar é muito ruim na visão das pessoas que nos orientaram em nossa primeira formação. Não por conta deles, pois os mesmos repetiram informações recebidas. Mas, o fato é que culturalmente, não aprendemos a lidar bem com o erro.
Quando crianças toda vez que fazíamos algo considerado errado éramos punidos das mais variadas formas, desde uma repreensão verbal severa, na frente ou não de outros, até um castigo que poderia ser ficar fechado no quarto escuro, ou ainda pior: uma bela de uma surra.
Desta forma, crescemos procurando errar o menos possível. 
Porém, o medo de errar, de ser exposto às humilhações já descritas, nos estimulavam a fazer cada vez menos, ou seja, quanto menos fizer, menos chance de errar, menos risco de ser punido, menos chance de se sentir humilhado.
Ora, fica claro por que crescemos com medo de investir, de empreender, de arriscar e, de se expor. 
Ao aparecer uma nova chance, uma nova oportunidade, o que nos vem, de forma consciente ou inconsciente, à nossa mente? A possibilidade de não dar certo, de errar. 
O medo da exposição vem vinculado ao "se você errar você vai ser humilhado".
Concluí, segundo o meu ponto de vista e, que isso fique bem claro, que o medo de se expor, de passar vexame, de se sentir humilhado, vem das poucas chances que tivemos de errar e de aprender com os erros, de aprender como fazer certo, de tentar e tentar fazer certo por quantas vezes fossem necessárias, mas o medo de ser punido caso o erro acontecesse nos impediu de tentar. E o erro passou de aliado a vilão. Sim, porque o erro é um mecanismo de crescimento e desta forma deveria ser enxergado. 
Fico pensando porque Santos Dumont, o pai da aviação, batizou o modelo que voou de "14 bis". 
Acredito que deva ser porque as outras 14 vezes que ele tentou ele não deva ter conseguido fazê-lo funcionar, e o modelo que funcionou foi o modelo 14 que ele bisou. Quatorze tentativas devem ter falhado. Mas, pelo visto, ele não deve ter se preocupado com os erros. Concorda que a cada erro o projeto é revisto e teoricamente melhorado até que funcione? 
E nós, se não testarmos nossos limites sempre, quando vamos ser melhor? 
Se não corrermos os riscos de errar quando seremos melhor? 
E veja que interessante, nossa auto estima aumenta toda vez que fazemos algo e esse algo dá certo. Ficamos cada vez mais seguros na medida que vamos percebendo que nossos limites são infinitos. 
Mas, agora vem o contra-ponto: 
Para descobrir nossos limites, temos que nos dispor a correr o risco de errar, e usar esse erro como alavanca.
O medo deve fazer-me sentir seguro, mas em hipótese alguma me limitar. É meu dever minimizar todas as chances de erro mas, é imprescindível para meu crescimento, tentar e tentar e tentar...
Já dizia o poeta: 
Tente outra vez!
(Evaldo Mazer)

segunda-feira, 23 de março de 2020

As folhas caem no outono















Os galhos secam e as folhas caem no outono.
Eu sei que as folhas caem no outono,
Mas, sei que a primavera chega com novas folhas, flores e frutos.
Não raras às vezes nos colocamos em situações difíceis,
Em completa escuridão.
Eu sei que a vida, às vezes, nos coloca no escuro,
Mas, hoje eu sei que existe luz na escuridão,
E, que quanto mais escuro, mais valor damos ao mínimo de claridade.
O nosso coração pode endurecer com as circunstâncias diárias,
Mas sei, que mesmo assim existe vida no mais árido dos corações,
E que uma semente plantada e bem cuidada,
Pode germinar nas rachaduras do concreto,
Na aridez dos desertos,
Ou no mais endurecido dos corações.
Após uma curva ou uma porta fechada poderão vir outras.
E daí?
Também poderão nos colocar de frente a um maravilhoso horizonte, 
A uma oportunidade única.
Quanto aprendizado escondido numa manobra mal executada,
Numa pisada de bola,
Numa crítica ouvida numa hora teoricamente não oportuna,
Mas, que ficou incomodando,
Porque era a pura verdade.
Naquela disputa perdida que deixou marcas na pele e na alma,
Mas, que nos fortaleceu para as tantas outras que viriam e virão.
Ou duvidamos disso?
E aquela vez que ficamos impossibilitados numa cama,
Nos proporcionando fazer o que normalmente não fazíamos?
Em algum momento de nossa vida,
Alguém ou alguma coisa podem nos devastar,
Derrubar e destruir tudo como um furacão.
Eu sei que isso pode acontecer,
Mas, não estará aí a grande oportunidade,
A grande chance para começarmos tudo de novo,
De uma maneira diferente e mais correta?
Quantos de nós não pedimos esta oportunidade?
“A se eu pudesse começar tudo de novo, faria de um modo diferente...”
Eu sei que as folhas caem no outono,
Mas, sei que a primavera chega com novas folhas, flores e frutos...
(Evaldo Mazer)


sábado, 21 de março de 2020

No dia seguinte...

No dia seguinte,
Percebi que as pessoas haviam mudado.
O rastro de destruição era agora motivo de união.
Braços trabalhavam para restaurar a alegria que existia,
E que não demoraria a aparecer novamente...
O que ontem era motivo de alegria,
Será amanhã também.
Talvez o agora esteja um pouco escuro,
Mas, queiramos ou não,
A luz ainda brilha.
E seus raios voltarão a tocar nosso rosto.
E seu calor voltará a aquecer nossa pele.
Enquanto a vida lá fora insistir em reaparecer
No broto do vaso da varanda,
Aqui dentro existirá a certeza de que tudo vale a pena.
Simplesmente, porque nos vimos pela porta entreaberta,
Porque nos vimos vencendo um grande obstáculo e
Nos pegamos sorrindo um para o outro.
Porque nos mostramos presente no nosso grande sonho de reconstrução.
Porque junto de nós, existem muitos com a mão nos nossos ombros,
Também sonhando.
Porque nós podemos sonhar.
(Evaldo Mazer)

sexta-feira, 20 de março de 2020

Ser feliz ou ter razão

Olá pessoas lindas!
Você prefere ter razão ou ser feliz?
Essa é uma pergunta simples, porém carregada de simbolismos...
Quantas vezes já ouvimos dizer que o nosso ego é o grande motivo de nossas desavenças e, consequentemente, de nossa infelicidade?
E mesmo assim, não conseguimos nos livrar do mesmo.
Brigamos tanto pelo nosso ego e esquecemos na mesma proporção do nosso eu...
Nos preocupamos muito com o que possam dizer de nós e nos preocupamos muito pouco com o que realmente somos e podemos ser.
Como anda o nosso crescimento, a nossa evolução como seres humanos?
Temos tomado contato com as nossas sombras e, principalmente, com as nossas virtudes...
Esses contatos poderão nos ajudar a sermos seres melhores.
Todos querem mudar o mundo... E quantos querem começar por si próprio?
Gandhi disse: "Seja a mudança que você quer no mundo"...
Bob Marley disse: "Preocupe-se mais com a sua consciência do que com a sua reputação. 
Porque a sua consciência é o que você é, e a sua reputação é o que os outros pensam de você. 
E o que os outros pensam, é problema deles".
E eu digo: 
Prefiro ser feliz... Razão, cada um tem a sua!
(Evaldo Mazer)


sexta-feira, 6 de março de 2020

Sobre pedir proteção


Hoje vou falar sobre um assunto muito importante... PROTEÇÃO!
Nós não nos damos conta, mas vivemos o tempo todo sobre ataques de toda ordem...
Infelizmente, não colocamos muita atenção nisso.
Vou apresentar-lhes algumas maneiras simples para AMENIZAR o efeito desses ataques, mas não para evitá-los...
Isso necessita de um envolvimento maior de cada um...
Hoje vou falar sobre uma fórmula impressionante simples e que nós, na grande maioria das vezes, não usamos:
PEDIR proteção....
Os seres do bem, anjos da guarda, protetores, guardiões, ou como quiserem chamar, estão à nossa disposição o tempo todo, apenas esperando o nosso PEDIDO...
Exatamente, o nosso pedido.
Sem este eles não podem entrar em ação, pois há o respeito pela lei do - livre arbítrio -, portanto, eles só podem entrar em ação com a nossa permissão, que se consolida através do nosso pedido de proteção e ajuda.
Assim se cumpre o que, mestre Jesus, um dos grandes mestres que por aqui passou, ensinou:
"Pedirás e ser-lhe-á atendido".
Repare que não é: Pensarás e ser-lhe-á atendido... Nem "Eles sabem do que preciso e serei atendido... ou qualquer outra forma...
A dica é: PEDIRÁS E SER-LHE-Á ATENDIDO...
Ah! Outra coisa importantíssima:
Seja grato!
Gratidão=amor=gratidão.
Gostou da dica?
Tenham um lindo e protegido dia...
(Evaldo Mazer)

quarta-feira, 4 de março de 2020

50 cruzeiros


Já apresentei para vocês o Chiquinho, o “tio Chico” e a tia Maria. E também já contei que desde bebê frequentava a casa deles...
Chiquinho tinha uma oficina no fundo da sua casa. Vendia e consertava relógios e fabricava pulseiras de relógio. Pulseiras de couro. 
Desde muito cedo vivi esse “universo”.
Ele mantinha sempre três jovens ajudando-o na fabricação das mesmas. E eu lá, enxerido, enchendo o saco da turma.
O Chiquinho e a tia Maria tinham sofrido um drama pessoal muito pesado. Tinham perdido a pouco tempo e em pouco espaço de tempo seus dois filhos ainda crianças, 5 e 7 anos, Milton e Wilson, de nefrite (infecção nos rins)e sinto que, de certa forma eles me “adotaram”, pois eles tinham um amor muito grande por mim... E, eu por eles...
Voltando à história, eu desde cedo, e muito cedo mesmo, achava que “trabalhava” na oficina. Se fosse hoje o Chiquinho e a tia Maria estavam presos por exploração de menores e, eu não estaria aqui com essas histórias tão marcantes para mim, para contar... rsrsrs.
Vim a trabalhar mais tarde por quase cinco anos. Dos 9 anos aos 14 anos. Mas, essa é outra história.
Como eu achava que trabalhava, quando os meninos recebiam o pagamento, eu também queria receber. Eu tinha nessa época por volta de 5 anos, portanto final dos anos 1960, e lembro como se fosse hoje um desses dias.
Os meninos estavam recebendo o pagamento deles, lembro-me do nome de um deles, que era o que mais me dava atenção, o Murilo. Quando foi a minha vez de receber, eu só recebi “um” dinheiro (na verdade uma nota de 50 ou 500 sabe lá o que (acho que eram cruzeiros), uma nota cinza escura de um lado e cinza claro do outro.  
Eu estava esperando bastante dinheiro (queria juntar para comprar um carro pro meu pai) e fiquei muito decepcionado e chorei, chorei muito... 
O Murilo, teve a seguinte ideia. Me convidou para irmos na venda do “Seu Gusto” e comprar doces. Gostei da ideia. 
Compraram doces para eles e para mim. Pagaram com a minha nota de 50 (ou 500, não me lembro) e me deram o troco. Várias notas de menor valor de troco. Não me recordo de ter feito um negócio tão bom... rsrs...
Troquei um dinheiro por um monte de doces e muito mais dinheiro.
Eu tinha uma carteira onde colocava todo o dinheiro. Enchi ela...
Adoro essa ingenuidade infantil...
O tempo passou e essa história foi contada muitas vezes pelo Chiquinho e também por mim, como estou fazendo agora... 
E sempre rimos bastante...
Saudades dessa época... 
Do Chiquinho...
(Evaldo Mazer)

domingo, 16 de fevereiro de 2020

A pescaria e a neblina

Eu comecei pescar ainda criança.
O Chiquinho era considerado por mim como meu segundo pai. (Na foto ao lado com meu irmão e eu).
Frequentava a casa dele e da “tia Maria” desde que, por puro instinto, atravessei a rua ainda de terra da casa que eu morei até me casar ...
Dizia minha mãe, que não havia percebido e, que quando deu por conta, tia Maria estava na porta de casa com aquele bebe lindo (eu, é claro!) no colo dizendo que me encontrou na varanda da casa dela... Notem desde cedo a minha genuína esperteza. Esperteza essa, que me proporcionou atravessar a rua de terra e a subir uma escada de mais de 15 degraus... Gatinhando...
Foram anos enriquecedores de convívio com este casal ímpar (casal ímpar ???).
Chiquinho e tia Maria já fazem moradia em outro plano.
Bom, vamos parar de falar das minhas inúmeras qualidades (inclusive da modéstia, que me impede de dizer o quanto sou bom... rsrs), e vamos falar de uma das inúmeras pescarias que o saudoso Chiquinho, o “tio Chico”, nos proporcionou.
Chiquinho tinha um hábito do qual ele não abria mão: 
Ir pescar todas as terças-feiras. Só se chovesse ele não ia. Aí ele trocava o dia... 
E íamos na cola dele...
Em uma destas terças-feiras de 1973/74 (eu era um jovem e promissor adolescente nessa época), saímos para a pescaria.
Quatro da manhã eu acordava.
Meu irmão Edmilson e também o Osmar nosso amigo de infância iam juntos.
Ah! E mais o seu Zé Grandão, cunhado rabugento mais gente boa (?), do Chiquinho. Ele e seu dedo indicador e médio amarelados de tanto segurar o cigarro que ele fumava compulsivamente e, também com seu chapéu do tipo “Indiana Jones”, inconfundível, que nem imaginava a fama que iria ter no futuro.
Fomos todos nós no fuscão 72, azul pavão, impecável do Chiquinho para mais uma pescaria. 
Detalhe importante: 
Esse fuscão era lavado no mínimo uma vez por semana, espanado todo dia e as partes cromadas, pelo menos uma vez por semana, levavam uma camada de “Kaol”, creme para polir muito famoso na época, (eu pelo menos conhecia bem, pois quase sempre era eu quem o passava e fazia o polimento... rsrs).  E se chovia, quando chegava a casa, na garagem, ele enxugava o carro todinho.
Bom, como ia dizendo, fomos todos nós cinco no fuscão impecável do Chiquinho...
Nosso destino era a estrada velha de Santos, no Km 42, perto das comportas (como que eu ainda me lembro disso?). 
Antes, paramos como de costume, no Riacho Grande para tomar café e comprar alguns detalhes como anzol, chumbada, linha e isca, faltantes. Após isso, seguimos para a represa.
Paramos o carro num recuo do acostamento, pegamos as tralhas, fechamos o carro e seguimos pela trilha até a represa. 
Naquele tempo, podíamos deixar o carro impecável, sem seguro, na beira da estrada sem nenhum medo de que seria roubado. Anos vivendo essa rotina e nunca tivemos nem um pneu roubado.
Nosso traje era composto por calça rancheira (antecessora do blue jeans), camisa de manga comprida (para se proteger dos “borrachudos”, uma espécie de pernilongo minúsculo cuja picada doí e coça pra cacete!), botas tipo 7 léguas (essa eu fui buscar revirando o meu baú messsmo... rsrs) e chapéu de palha.
Nossa tralha era composta de varas de pescar, chumbadas, linhas, canivete, iscas, samburá (local para colocar os peixes) coador (para não deixar os peixes maiores fugirem), banquinho e produtos de sobrevivência na selva como, por exemplo:
Comida rsrs... (garrafa térmica com café, garrafa térmica com café-com-leite, garrafão com água, pão, queijo, mortadela, e as insubstituíveis laranjas). 
Para chegar à represa íamos por trilhas. Essa trilha tinha aproximadamente 1 km. 
Nesse dia a represa estava baixa (não tanto como as de hoje) e a margem era grande e em boa parte afundava. 
Tomamos cuidado para não atolar. Escolhemos um lugar e “baixamos acampamento”.
Começamos a pescar e, apesar da manhã linda e ensolarada, a pescaria tava ruim. Ninguém pegava nada (pelo menos eu não tinha pegado nada) e o coro de sapateiro! Sapateiro! (não sei por que, mas o termo “sapateiro” significa que eu não tinha pegado nada, tava virgem até aquele momento).
Lembro que aquilo me deixou nervoso! Fiz beicinho e não falei com mais ninguém.
Resolvemos ir para outro lugar.
Fomos para a Xibóca, outro local para pescaria perto dali. Nunca tínhamos ido lá.
Deixamos o carro num bar para pescadores e seguimos a trilha de uns 2 quilômetros até a beira da represa.
Eu, ainda emburrado, peguei minhas tralhas, o saco de pão e fui atrás, cabisbaixo...  Afastei-me um pouco deles e resolvi cortar caminho pela margem... ATOLEI! Um sacrifício para sair sozinho (não queria dar o braço a torcer e pedir ajuda)... Com as mãos ocupadas, realmente, sofri... Mas, desatolei. Resultado: 
Bota e calça enlameadas, saco de pão rasgado e perdendo pãezinhos pelo caminho e, mais tiração de sarro... 
Eu tava puto da vida!
Chegamos à beira da represa e fui me arrumar um pouco longe deles. 
Armei minhas varas e comecei a pescar um peixe atrás do outro. E eles só olhando...
Não demorou e todos eles estavam do meu lado e eu, com um ar de triunfo, nem dava a mínima para eles.
Caracas! Como pré-adolescente e chato!!!
Enchi o samburá de peixe... 
Eles também, graças ao meu “faro” para descobrir locais que tenham muito peixe... kkkkk
O tempo foi passando e como estávamos muito entretidos nem percebemos a tarde chegar e a neblina fechar tudo. Não enxergávamos um palmo à frente do nariz, literalmente.
Nunca tínhamos ido a este lugar e não tínhamos referencias para voltar. Aliás, tínhamos sim (o Chiquinho sempre tomava esse cuidado) as torres de retransmissão de energia. Mas, estavam encobertas pela neblina. Estávamos fritos. Nós, com toda a nossa tralha acrescida dos samburás cheios de peixe estávamos perdidos. Quase bateu o desespero não fosse São Francisco nos enviar um cachorrinho salvador. Um do tipo Fox paulistinha (será que existe ainda?). O bichinho apareceu do nada e pensamos:
Esse cachorrinho deve ter dono, vamos segui-lo.
Já era tarde. Nós estávamos preocupados com o horário, com os familiares (lembre-se que naquela época não existia celulares. Em casa nem telefone tinha). 
Costumávamos chegar sempre num mesmo horário. Eles deviam já estar bem preocupados.
Seguimos o cachorrinho. 
A certeza de que estávamos no caminho certo se deu quando o que? O que? Adivinhem...
Acertou quem respondeu quando nós encontramos os pãezinhos perdidos...
Sim, sim... Graças ao meu mau-humor, meu beicinho, a minha crise pré-adolescente, estávamos salvos!
Nessa altura da história devo confessar-lhes que o mau-humor, o beicinho, a crise pré-adolescente, o atolamento e o saco de pães furados faziam parte de uma estratégia de salvamento meticulosamente planejada e estudada por mim, quando num momento de muita lucidez, intui que podíamos nos perder por conta da neblina que iria cair no final da tarde... kkkk
O cachorrinho? Bom, o cachorrinho na verdade era um robô programado para estar por lá no exato momento que a neblina caísse.
Nada disso. O cachorrinho era do dono do bar... 
Graças a ele, deixamos de passar um baita sufoco.
Chegamos umas três horas depois do normal com a vizinhança toda marcando presença na rua esperando o desfecho de nossa aventura.
Eu e meu irmão já esperávamos as broncas de minha mãe. Não sei se pelo susto que causamos ou pela quantidade de peixe que ela iria ter que limpar.
Na verdade, quem limpava os peixes era o meu pai. Ele adorava pescar e comer peixe.
Moral da história:
Não sei se tem moral, mas poderia ser: “Tenha sempre um cachorrinho por perto ou espalhe pães pelo caminho, nunca se sabe quando vamos nos perder numa neblina”... kkkkk...

Planejar e realizar

Olá pessoa linda! É muito comum termos ideias, sonhos e nos planejarmos para realizá-los,   e também é muito comum que tudo fique no plano d...